Psicopedagogo ou Professor Particular?
Quando devemos buscar um professor particular ou um psicopedagogo?
Qual é a diferença entre os dois?
Qual é o papel do psicopedagogo no processo de ensino-aprendizagem?
Quando devemos procurar um?
Muitas vezes uma criança apresenta dificuldades no decorrer dos anos escolares. Neste momento é importante que todos estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo. As dificuldades podem advir de diversos fatores, por isso é essencial que sejam identificadas a fim de procurar o suporte adequado para auxiliar o desenvolvimento durante o processo de ensino-aprendizagem.
Quando a origem dessa dificuldade é pedagógica, onde o aluno necessita de reposição de conteúdos, fixação de conteúdos, ou sanar dúvidas, deve ser indicado um professor particular, ou um tutor. Quando a origem é neurológica, sendo eles os mais comuns entre crianças e adolescentes na escola a dislexia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), déficit de processamento auditivo (DPA) e discalculia, entre outros, o profissional indicado seria um psicopedagogo.
O professor particular é o profissional indicado quando as dificuldades apresentadas pelo aluno se referem aos CONTEÚDOS escolares. Já o psicopedagogo é um especialista em HABILIDADES PARA APRENDER. Dessa forma, o conteúdo passa a ser um meio a fim de atingir o objetivo de otimizar e efetivar o processo de ensino-aprendizagem. Pode-se, a partir do material do aluno, ensiná-lo técnicas de estudo: como grifar, fazer resumos, apontamentos, quadros sinóticos, mapas mentais, entre outros.
Veja no quadro abaixo algumas diferenças entre esses profissionais:
Professor Particular | Psicopedagogo |
Trabalha o conteúdo escolar | Trabalha o processo ensino-aprendizagem |
Lida com questões mais pontuais | Lida com questões crônicas |
Ajuda no desenvolvimento de conteúdos escolares | Ajuda no desenvolvimento de habilidades para aprender |
Ajuda a entender o conteúdo até o aluno ser capaz de fazer sozinho | Ajuda a entender como aprendemos e a criar estratégias para vencer as dificuldades |
O conteúdo escolar é o foco da aprendizagem. | O conteúdo escolar é usado apenas como uma estratégia para ajudar o aluno a ter domínio de si próprio e de seu desenvolvimento cognitivo. |
Desenvolve, revisa e reforça o conteúdo. | Desenvolve habilidades envolvidas no processo, como atenção, memória, organização, técnicas de estudo, raciocínio lógico, dentre outras. |
Utiliza o material da escola como apoio para suas aulas. | Utiliza recursos alternativos, como jogos, dinâmicas, desenhos, histórias e diversos recursos lúdicos que visam recriar o prazer e a motivação em aprender. |
Qual é o papel do psicopedagogo?
A Psicopedagogia responde às seguintes perguntas:
Como se aprende?
Como a aprendizagem muda ao longo de tempo e quais as suas variáveis?
Como reconhecer suas dificuldades, tratá-las e prevení-las?
Para Janine Mery (1985), o psicopedagogo é um professor do tipo particular que realiza a sua tarefa de pedagogo sem perder de vista os propósitos terapêuticos da sua ação.
Qual o papel do Psicopedagogo nas escolas?
O psicopedagogo na instituição exerce um trabalho preventivo onde tem como um dos objetivos diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho implica em um trabalho diagnóstico para a identificação do problema e, a partir daí, desenvolver um plano de intervenção. Na instituição os processos didáticos-metodológicos são avaliados e procura-se entender como o funcionamento da escola interfere no processo de aprendizagem. O trabalho inclui a orientação de professores e de outros profissionais da instituição escolar para a melhoria nas estratégias e condições do processo ensino-aprendizagem, assim como para prevenção de eventuais problemas.
Qual é o papel do Psicopedagogo no atendimento clínico?
O psicopedagogo procura conhecer no outro aquilo que o impede de aprender e busca entender as influências emocionais e afetivas, que podem lhe favorecer ou desfavorecer. O psicopedagogo irá investigar e promover as possibilidades de mudanças sobre os processos cognitivos, emocionais e pedagógicos que possam dificultar o processo de aprendizagem.
Como cada sujeito é único, não há uma ‘receita’ que possa ser aplicada em todos os casos, mas o psicopedagogo tende a trabalhar em cima do problema apresentado pela criança; sobretudo com uma metodologia que impulsionará a sua situação acadêmica.
O que esperar de um trabalho psicopedagógico?
Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das seguintes atividades:
- Orientação de estudos – Ajuda a organizar a vida escolar da criança, promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e organização de materiais necessários para o estudo.
- Apropriação dos conteúdos escolares – O psicopedagogo busca se apropriar das o domínio de disciplinas escolares em que a criança vem apresentando dificuldades.
- Desenvolvimento do raciocínio – Trabalha com os processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Os jogos são muitos utilizados, pois através do jogo a criança vai se percebendo e construindo a sua forma de aprender.
- Atendimento de crianças – A psicopedagogia se presta a atender e acompanhar crianças com dificuldades durante o processo de ensino-aprendizagem.
Com base no Projeto de Lei 3.124/97 e nas discussões da Comissão de Regulamentação e Cursos da ABPp, interpreta-se que, dentro desses espaços de atuação, seriam atribuições e competências dos psicopedagogos:
• Intervenção psicopedagógico no processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo por enfoque o sujeito que aprende em seus vários contextos: da família, da educação (formal e informal), da empresa, da saúde;
• Realização de diagnóstico e intervenção psicopedagógico mediante a utilização de instrumento e técnicas próprios da Psicopedagogia;
• Utilização de métodos, técnicas e instrumentos psicopedagógicos que tenham por finalidade a prevenção, a avaliação e a intervenção relacionadas com a aprendizagem;
• Consultoria e assessoria psicopedagógica, objetivando a identificação, a análise e a intervenção nos problemas do processo de aprendizagem;
• Supervisão de profissionais em trabalhos teóricos e práticos de Psicopedagogia;
• Orientação, coordenação e supervisão de cursos de Psicopedagogia;
• Coordenação de serviços de Psicopedagogia em estabelecimentos públicos e privados;
• Planejamento, execução e orientação de pesquisas psicopedagógicas.
Quando devo procurar um psicopedagogo?
Quando a criança apresentar alguns sinais como:
- Dificuldade de seguir rotinas; hiperatividade;
- Apatia e desânimo nas relações que envolvem aprendizagem;
- Falta de concentração, problemas com atenção e memória;
- Dificuldade em compreender o que se aprende na escola;
- Problemas de articulação da fala e aquisição lenta de vocabulário;
- Inversão de letras, sílabas ou palavras;
- Adição ou omissão de sons;
- Leitura e escrita lenta para a idade;
- Letra ilegível;
- Desorganização geral por não possuir orientação espacial;
- Notas baixas e/ou repetência;
- Atraso na entrega de trabalhos escolares;
- Dificuldade de raciocínio lógico.
Estar atento!
A aprendizagem é inerente a qualquer ser humano. Quando um sujeito aprende, ele não é um ser isolado, mas sim composto por aspectos afetivos, cognitivos e motores. Ele é constantemente influenciado por condições, não só internas, mas também externas, como pessoas, experiências, estímulos e relações interpessoais. Para que esse processo de aprendizagem ocorra de maneira eficaz, aquele que aprende deve ser visto na sua totalidade. É fundamental entender o que ele aprende, como ele aprende e por que, considerando todas as variáveis que intervém neste processo. Isso irá auxiliá-lo a superar suas dificuldades e conhecer suas potencialidades.
Para isso é importante ficarmos atentos às necessidades das crianças e perceber quando estão sinalizando que precisam de ajuda! O quanto antes essa ajuda vier, melhor!
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
MACEDO, Lino de. “Prefácio” a SCOZ et alii, Psicopedagogia – Contextualização, Formação e Atuação Profissional. Porto Alegre: Artes Medicas, 1992.
MASINI, Elcie S. Ação Psicopedagogica. São Paulo: Memnon, 2000.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.